there's a translation for this collection of letters...
at... http://luisantoniofreireenglishversion.blogspot.com/
... esse blog...
... é o primeiro de uma série de dois volumes...
o segundo encontra-se em http://luisantoniofreiretwo.blogspot.com/
o segundo encontra-se em http://luisantoniofreiretwo.blogspot.com/
...introdução à série... "filosofando"...
...querida mãe...
no ano de 2009...
escrevi uma série-de-cartas... históricas...
para meus filhos... tauê... e... peter...
na realidade são cartas auto-biográficas...
onde procurei seguir uma certa ordem-cronológica...
que vai desde os fatos em boston..
... onde meu pai estudava no mit...
...até a rua j.carlos...
depois disso... houve uma interrupção...
interrupção essa... que dura até hoje...
...mas... é claro...
um dia... pretendo dar continuidade ao projeto...
enquanto isso...
resolví... re-transmitir essa coleção-de-cartas para você...
com a certeza de que você irá gostar dessa leitura...
... dessas memórias...
me despeço...
com carinho...
um grande abraço...
...luis antonio...
...1... apenas filosofando... ( 1 out of 18 )...
querido filho tauê...
querido filho peter...
já há algum tempo... minha mente "viaja" em memórias...
relembrando... vários momentos em que estivemos juntos...
agora... estou com a vida tranquila...
aqui no sitio... com a maria...
numa vida boa...
numa vida que pedí a Deus...
me alimentando bem...
com uma comidinha que a maria prepara com todo amor...
em suma...
com uma vida... onde não tenho nada a reclamar...
--- --- ---
mas... a saudade por vocês é imensa...
mas... tudo bem...
não quero interferir na vida de vocês...
quero que vocês sigam a vida de vocês...
com coragem... sabedoria... delicadeza...
gentileza para com todos os que os rodeiam...
que saibam lutar pelos seus direitos de uma forma tranquila...
educada... e... sem agressividade...
--- --- ---
como vocês estão nos estados-unidos...
e eu no brasil...
então... a forma de diminuir essa distância entre a gente...
é escrevendo emails desse tipo...
emails onde não existe um assunto pré- definido...
apenas um email onde a conversa flui...
pelo simples prazer da conversa em si...
--- --- ---
me deu vontade agora... de falar um pouco de mim...
contar para vocês um pouco da minha história-de-vida...
por incrível que pareça... muitas vezes...
apesar de convivermos juntos um tempão...
muitas vezes... esquecemos de parar...
para contar e relatar fatos básicos da nossa vida...
normalmente... estamos tão absorvidos...
nas preocupações do dia-a-dia...
que esquecemos de reservar aquele tempinho...
para REVELAR para as pessoas queridas que nos envolvem....
coisas tão importantes que são os fatos elementares...
da nossa própria história...
quando eu tinha seis meses de idade...
eu... minha irmã ana emília... meu pai e minha mãe...
nos mudamos para boston...
meu pai recebeu uma bolsa-de-estudos da marinha brasileira...
para fazer o master´s program no MIT...
(massachusetts institute of technology...)
como ficamos lá apenas três anos...
não me lembro de nada dessa época...
só sei que... depois... minha mãe me contava histórias do tipo...
que eu nessa época... ainda bebê... não queria comer...
aí... ela me levou ao médico aí em boston...
e ele falou que era para ela comprar um funil...
fazer uma sopa...
e... enfiar a sopa goela abaixo pela minha garganta...
através do funil...
e... não é que ela acreditou no médico...
e tentou fazer exatamente o que ele havia mandado...?
--- --- ---
vou parando por aqui... hoje...
pois não quero tomar muito tempo de vocês com essa leitura...
depois... please... me avisem se vocês estão interessados...
em saber mais sobre a continuação do relato da minha vida...
se... vocês me disserem que estão interessados...
terei muito prazer em continuar...
escrevendo emails desse tipo...
caso contrário...
eu vou procurar something else to do...
please... feel free to ask me any kind of questions...
dúvidas... qualquer tipo de dúvida...
qualquer assunto...
do passado... presente ou futuro...
toda a atenção que dei durante toda a vida para vocês...
continua de pé...
vocês sabem disso...
e... sabem que faço o possível e o impossível por vocês...
por favor... me considerem sempre como um amigo...
jamais como um inimigo...
evitem dar ouvidos a maus conselhos...
de pessoas que... por algum motivo...
queiram fomentar uma desunião entre nós...
nunca deixem se iludir...
achando que eu não mereço a confiança de vocês...
seria um desperdício...
achar que eu não mereço a confiança de vocês...
e... como consequência esconder alguma coisa de mim...
acredito...
que existam pessoas que fiquem buzinando no ouvido de vocês...
que sua avó leia não presta... que eu não presto...
respeito a opinião dessas pessoas...
mas... se dermos ouvidos a esse tipo de opinião...
acabamos todos afundando...
pois a forma mais fácil de enfraquecer uma pessoa...
é botando essa pessoa contra seu próprio pai...
ou contra sua própria mãe...
na sabedoria popular... tem uma frase que traduz bem esse fato...
"a união faz a forca..."
(força...não sei se o teclado de vocês aceita...
o c-cedilha de força... forsa... fortaleza...
uma pessoa forte...)...
portanto... uma família desunida... é uma família fraca...
todos acabam perdendo...
--- --- ---
portanto...
se começarmos a exercitar o exercício de nos comunicarmos mais...
isso iria nos fortalecer mais...
isso iria trazer benefícios para todos nós...
uma família que não conversa entre si...
se torna uma família fraca...
uma família frágil...
vulnerável às adversidades da vida...
vocês estudaram numa escola boa... o notre dame...
vocês... graças a Deus têm bons princípios...
mas esses bons-princípios devem ser constantemente atualizados...
constantemente melhorados...
constantemente conscientizados...
o mundo dá voltas...
uma pessoa pode estar bem de saúde um dia...
e... no outro... estar de cadeira-de-rodas...
toda a atenção é pouca...
vamos nos unir ainda mais...?
vocês seriam capazes de confiar em mim como antigamente...?
obrigado por ler esse email...
até já...
um super-super-super abraço...
seu pai...
...luis antonio...
...2... filosofando part two... ( 2 out of 18 )...
graaande... tauê...
graaande... peter...
pô... legal...
assumindo que a ideia de contar histórias da minha vida...
tenha sido bem recebida por vocês...
vou "meter bronca" no projeto...
em outras palavras... vou "botar a mão na massa"...
(ou melhor... no teclado...)...
e ver se sai alguma coisa que presta... desses relatos...
no último email... eu ainda estava em boston...
meu pai estudando no MIT...(massachusets institute of technology...)...
minha mãe cuidando de mim e da minha irmã ana emília...
e... minha mãe tinha levado uma empregada...(a sebastiana...)...
do brasil... para ajudá-la nos afazeres domésticos...
morávamos num daqueles bairros residenciais tranquilos...
onde não havia muros entre as casas...
na rua... quase não havia carros...
e... eu... e minha irmã... ficávamos horas brincando na rua...
com o velocípede...
(aquelas bicicletinhas para criança... com três rodas...)...
aí... num belo dia... eu e minha irmã...
sem querer... nos perdemos... lá por aquelas ruas da vizinhança...
minha mãe... ficou desesperada... chamou a polícia...
e... a polícia acabou nos achando...
(meu pai... depois me contou... que a estratégia da policia...
foi dar uma geral... "varrendo" numa espécie de circulo grande...
as ruas da vizinhança...
depois... ia "varrendo" por círculos cada vez menores...
até nos achar...)
pena que meu pai não esteja mais aqui na Terra...
pois gostaria de ter desenvolvido mais... essa estória com ele...
anyway... sei que depois disso... meus pais resolveram botar duas coleirinhas...
como se fossem coleirinhas de cachorro... em mim e na ana emíla...
com o nome... endereço... e... telefone...
--- --- ---
eu morei em boston...
dos seis meses de idade...
até os três anos de idade...
não me lembro de nada...
a não ser essas duas estórias que meus pais contaram...
a do funil... e a da coleirinha de cachorro...
de boston... fomos pra recife...
onde morei dos três aos seis anos de idade...
nessa época...
eu não fazia nada na vida...
ficava o dia inteiro... sentado no muro...
vendo os carros passarem...
que eram poucos... na época...
engraçado...
como a criança... é um ser inocente...
é capaz de ficar horas e horas...
sem preocupação...
só curtindo a paisagem...
sem pensar em nada...
sem medos...
sem ambições...
só curtindo o momento...
quando passa uma formiga...
a criança...
simplesmente olha a formiga...
simplesmente acompanha seu movimento...
é como se fosse um cachorro...
inocente...
desde que esteja bem alimentado...
sem doenças...
com o sono em dia...
a vida... é... simplesmente... a vida...
paz... sem julgamentos...
sem complexos...
sem obrigações...
(aliás... essa é mais ou menos...
a doutrina yoga...
ela diz que todos nós... mesmo adultos...
podemos...(e... devemos...)... exercitar o exercício de ficar todo dia...
pelo menos quinze minutos... sem fazer nada... só respirando...
sem pensar em nada... tal qual aquela criança...
com quatro anos de idade... (ou cinco)...
sentada no muro... vendo os poucos carros passarem...)
em resumo... vivendo o momento...
--- ---
paro por aqui...?
paro por aqui...
senão... vocês vão se atrasar para os quinze-minutos-de-yoga...
ficam com Deus...
Deus proteja vocês...
até já...
um abraço apertado...
seu pai...
...luis antonio...
...2.1... peter's reply...
vou considerar meus quinze minutos de ficar atoa, esses quinze minutos que passo lendo seus emails
de diarios (journals).
E isso ai Pai, to esperando o capitulo 3,
um abraco
Peter
de diarios (journals).
E isso ai Pai, to esperando o capitulo 3,
um abraco
Peter
...3... filosofando part three... ( 3 out of 18 )
querido filho tauê...
querido filho peter...
bem... depois da interrupção da semana passada...
que... graças a Deus... acabou tudo bem...
resolvi retomar as estórias da história da minha vida...
pois o email anterior estava um pouco científico demais...
e... nada como escutar uma estória mais humana...
as opposed to a story more scientific...
(me parece que as estórias mais humanas "entram" melhor...
são mais fáceis de digerir...)
mas isso não significa que as estórias mais cientificas...
não tenham seu devido valor...
elas também são importantes...
é como na vida...
às vezes não estamos muito entusiasmados...
para fazer certo tipo de atividade...
(tirar a poeira do quarto... por exemplo...)
mas temos que fazê-lo anyway...
pois se não o fizermos...
acaba que respiramos aquela poeira toda...
que obviamente nos faz mal...
(se bem que li num livro... em tom de piada...
que... está cientificamente provado que...
depois que a poeira atinge três centímetros de altura...
não precisa mais limpar...
pois... está provado...
que... depois dos três centímetros...
é impossível acumular mais poeira...)
--- --- ---
tínhamos parado a estória... em recife...
aos quatro... (ou cinco) anos de idade...
sentado... o dia inteiro no muro...
vendo os poucos carros passarem...
pensando em nada...
só saboreando o momento...
sem grandes pensamentos...
sem grandes preocupações...
parece que minha infância foi seccionada...
em períodos de três em três anos...
os três primeiros anos de vida... em boston...
os três seguintes... em recife...
e... os três seguintes (dos seis aos nove anos de idade...)...
no rio de janeiro...
mais precisamente... no bairro que faz fronteira...
entre o jardim botânico e a gávea...
numa rua feita de paralelepípedos...
com um trilho de bonde passando...
bem no meio das pedras de paralelepípedos...
um lugar meio parecido com a vila... em ipanema...
onde vocês brincavam com o juninho...
e a turma de garotos da vila...
o astral era parecido...
jogávamos bola...
na calcada (calsada) mesmo...
sem muita frescura...
não era necessário um campo de futebol...
para podermos jogar bola...
a calçada era perfeita...
eu estudava numa escola pública na lagoa...
ia de bonde para a escola...
aos oito anos de idade... minha mãe...
disse que eu podia levar minha irmã clarice
(que tinha quatro anos de idade) para o kindergarten dela...
que ficava bem em frente a minha escola...
e... essa era a cena... eu com oito anos...
levando minha irmã (de quatro) para a escola dela...
e... de lá...
eu seguia para minha aula do outro lado da rua...
bons tempos... no violence... uma vida tranquila...
minha mãe me dava o dinheiro exato da passagem do bonde...
na saída... eu não precisava mais pegar minha irmã...
pois minha mãe já buscava ela que saia mais cedo do que eu...
então... na saída da minha escola...
como eu estava com o dinheiro certinho da passagem...
eu preferia... ao invés de pegar o bonde...
preferia gastar o dinheiro da passagem no saco de pipoca...
e ir para casa a pé...
chegava lá na rua... já caia no joguinho de futebol na calçada...
vida tranquila sem grandes preocupações...
mas... nem tudo é um mar de rosas...
em contraste àquela vida de sonhador de recife... sentado no muro...
sem pensar em nada... só vivendo a vida...
já no rio de janeiro...
aos oito anos de idade...
passei por uma experiência...
que me fez ver que nem tudo é um mar de rosas...
ao chegar da escola... a pé...
chego na rua... o pessoal jogando bola...
chego falando...
" pode mandar...!!
chuveirinho...!!
pra eu cabecear...!!..."
e... eis que meus amigos totalmente me ignoraram...
como se eu não existisse...
não deram a mínima atenção para a minha presença...
fizeram questão de me ignorar de uma forma...
que eu nunca tinha visto nada igual em toda minha vida...
neste ponto... não entendi nada...
pensei comigo mesmo... "o que está acontecendo...?"
perguntei a eles...
e eles me responderam...
que estavam "dando um gelo em mim"...
eu não sabia o que esta expressão "dar um gelo" significava...
eles me explicaram que queria dizer...
que é quando uma pessoa para de falar com a outra...
por algum motivo...
aí eu perguntei qual era o motivo...
eles me responderam...
mas eu até hoje não me lembro qual era o motivo...
( acho que eu estava tão chocado com o lance do "gelo" em si...
que... quando eles me explicaram o motivo...
eu ... talvez não tivesse nem entendido direito o motivo...
e nem pedi para eles me explicarem melhor...)
fiquei meio atordoado com essa primeira experiência da minha vida...
de sentir que... a sociedade...
o grupo de amigos tem essa capacidade de te rejeitar...
e... a vida é uma sequência de aprendizados desse tipo...
a vida vai passando...
episódios desse tipo vão acontecendo... regardless of the age...
independentemente da idade em que estamos...
vamos conhecendo as pessoas...
passamos a nos sentir bem com elas...
e... de repente... acontece algo...
escutamos algo dessas pessoas que nos surpreende...
nos pega de surpresa...
é como se fosse uma porrada na cara...
a vida... muitas vezes nos "apronta" algo semelhante...
mas esse tipo de coisa não acontece apenas entre duas pessoas...
às vezes tais surpresas... tais decepções...
surgem entre uma pessoa e uma instituição...
entre uma pessoa e um governo...
entre uma pessoa e uma escola...
entre uma pessoa e uma corporação onde trabalha...
quando eu estava no hawaii... ainda nos primeiros anos...
quando estava estudando no mestrado em matemática...
me dedicando ao máximo para ser um straight "A" student...
fazia homeworks exageradamente caprichados...
no primeiro semestre tirei um "A"...
no segundo semestre tirei um "B"...
no terceiro semestre tirei um "B"...
no quarto semestre tirei um "C"...
de repente... recebo uma cartinha da faculdade...
dizendo que eu fui colocado em "probation"... ou seja...
se eu não tirasse um "A" no próximo semestre...
seria expulso da faculdade...
foi uma espécie de "porrada" na minha cara...
ter percebido que eles foram tão "duros" para comigo...
eu... que tinha tentado dar o máximo de mim...
como um estudante nota-dez...
mas... dessa vez... no caso da faculdade...
me deixei derrotar demais...
por causa de uma simples cartinha da faculdade...
deveria... em face da carta... procurar ir lá na faculdade...
me informar melhor sobre o que estava acontecendo...
deveria ter procurado ouvir a opinião dos meus professores...
que me conheciam profundamente...
e... não ter me deixado abater tanto por uma carta...
que talvez tivesse vindo...
de um departamento administrativo da faculdade...
que... talvez não tivesse nem nada a ver...
com o departamento de matemática em si...
mas... o mundo dá voltas...
depois daquela carta...
por coincidência... meu nervo ciático se agravou...
ao ponto de eu não poder nem sentar... nem ficar de pé...
tive... realmente que desistir da matemática...
acabei entrando pra música... que... sem dúvida...
me acrescentou bem mais como ser humano...
e... voltando à turminha do futebol da época dos meus oito anos...
depois que... pela primeira vez na vida...
senti o gostinho amargo de uma rejeição...
por parte do grupo de amigos...
depois disso...
felizmente... depois de uns dois ou três dias...
tudo voltou ao normal...
a minha relação com o grupo voltou a ser a mesma...
as crianças... em geral... não guardam muitos rancores...
brigam um dia... no outro já está tudo bem...
essa capacidade de esquecer a briga...
de perdoar...
a capacidade de saber dizer... "bola pra frente"...
essa capacidade do ser humano...
considero muito boa...
até a próxima...?
até a próxima...
quero dar um abraço muito apertado...
em vocês dois... meus filhos...
com carinho...
seu pai...
...luis antonio...
...3.1... taue's reply...
Oi pai:
Só você mesmo.....
Achei muito engraçado : " esta´ cientificamente provado que...
depois que a poeira atinge tres centimetros de altura...
nao precisa mais limpar...
pois... esta´ provado...
que... depois dos tres centimetros...
e´ impossivel acumular mais poeira..."
...vc, e suas filosofias.(hahaha)
Mas eu adoro essas histórias suas continua mandando, e eu vou gravar todas elas num arquivo pra daqui a trinta anos mostrar pra Evy.
O texto do coração foi bastante interessante tambem , mas meio sacau.
Eu tava lendo o jornal hoje (leio todo dia de segunda a sexta no meu lunche) , e como não leio tudo (só mais ou menos o que me entereça) , vi um artigo de uma pessoa falando que todos os dias da sua vida é um bom dia...você acorda e vê a luz do dia , isso já é um bom dia, você respira o ar , isso é um bom dia...no final ele diz que a gente reclama muito da vida sem dar valor a ela , porque a vida é muito curta. Um dia você ta aqui na boa e no outro vc ta morto... então aproveita o maximo possivel!
Mas é isso pai, com certeza não puxei você. Não tenho muita paciencia pra escrever.
Abraços....Tauê.
Só você mesmo.....
Achei muito engraçado : " esta´ cientificamente provado que...
depois que a poeira atinge tres centimetros de altura...
nao precisa mais limpar...
pois... esta´ provado...
que... depois dos tres centimetros...
e´ impossivel acumular mais poeira..."
...vc, e suas filosofias.(hahaha)
Mas eu adoro essas histórias suas continua mandando, e eu vou gravar todas elas num arquivo pra daqui a trinta anos mostrar pra Evy.
O texto do coração foi bastante interessante tambem , mas meio sacau.
Eu tava lendo o jornal hoje (leio todo dia de segunda a sexta no meu lunche) , e como não leio tudo (só mais ou menos o que me entereça) , vi um artigo de uma pessoa falando que todos os dias da sua vida é um bom dia...você acorda e vê a luz do dia , isso já é um bom dia, você respira o ar , isso é um bom dia...no final ele diz que a gente reclama muito da vida sem dar valor a ela , porque a vida é muito curta. Um dia você ta aqui na boa e no outro vc ta morto... então aproveita o maximo possivel!
Mas é isso pai, com certeza não puxei você. Não tenho muita paciencia pra escrever.
Abraços....Tauê.
...3.2... leitura no lunch-time...
querido filho tauê...
é... você já havia comentado comigo... antes...
que você gosta de ler o jornal enquanto come seu sanduichezinho...
na hora do almoço...
isso é muito bom... meu filho...
é um momento... onde você pode se desligar de tudo...
se desligar das preocupações...
e... simplesmente saborear seu lanche...
se distraindo... lendo os artigos do jornal que lhe interessam...
achei muito sábio o artigo que você "recortou" para mim...
..."vi um artigo de uma pessoa falando
que todos os dias da sua vida é um bom dia...
você acorda e vê a luz do dia , isso já é um bom dia,
você respira o ar , isso é um bom dia...
no final ele diz que a gente reclama muito da vida sem dar valor a ela,
porque a vida é muito curta.
Um dia você ta aqui na boa e no outro vc ta morto...
então aproveita o maximo possivel!..."
também gosto desse tipo de sabedoria...
realmente... normalmente muitos de nós esquecemos...
de dar o devido valor a certas coisas básicas...
como... por exemplo a capacidade de ter uma visão normal...
poder ver as coisas...
já pensou para um cego...
poder derrepentemente poder enxergar normalmente...?
podemos imaginar um premio melhor do que esse...?
ou... uma pessoa que tem problemas crônicos respiratórios...
poder... de repente ficar boa... e...
poder respirar o ar puro... normalmente...?
gostei muito desse artigo de jornal...
você escreve bem...
graças ao seu email...
fiquei pensando nisso tudo que você escreveu...
não só sobre o artigo que você comentou...
a beleza... a sabedoria do artigo...
como também...
a sua sensibilidade...
de poder perceber... que aquele artigo era especial...
que aquele artigo trazia uma mensagem de sabedoria...
eu... ao ler seu email...
fiquei contente...
fiquei contente de confirmar o que eu já sabia...
que você... tauê... e´ um cara bom...
um cara tranquilo...
simples...
que quer ter apenas sua paz...
encontrar seu cantinho no mundo...
sem perturbar ninguém...
sem ser perturbado...
poder ler seu jornalzinho... no lunch-break...
poder saborear um artigo do jornal...
onde existe uma mensagem que revela um olhar sobre a vida...
um olhar puro... de paz... de sabedoria...
de agradecimento... por podermos ter uma saúde...
que nos possibilita ver as cores...
respirar o ar da manhã...
é isso aí meu filho...
dessa vida... não levamos muita coisa... não...
deixamos apenas na memória nessa "meia-dúzia"...
de três ou quatro pessoas que verdadeiramente nos querem bem...
deixamos apenas nosso carinho...
nossas palavras de ternura e amizade...
e... nada muito além disso...
o sol... como todas as estrelas do universo...
vai chegar um dia em que ele vai se apagar...
(pois o combustível que ele queima... não é infinito...)
(vai ser daqui a uns bilhões de anos...
os cientistas já calcularam...)
quando esse dia chegar...
o nosso querido planeta Terra...
vai virar uma pedra de gelo...
(já que não existe mais sol para aquece-la...)
e... portanto... não haverá uma viva alma aqui...
nem sequer para contar a história da humanidade...
portanto... o artigo do jornal faz muito sentido...
vamos agradecer cada dia ao amanhecer por estarmos vivos...
por podermos abrir os olhos e enxergar a luz do dia...
por podermos respirar fundo... e sentir o ar puro da manhã...
e... nos relacionarmos com as pessoas que nos rodeiam...
de uma forma mais gentil e verdadeira possível...
para... quando partirmos para uma outra dimensão...
sabermos que deixamos aqui na Terra...
apenas saudade...
em todos que nos querem... verdadeiramente bem...
até já... meu filho...
continua assim...
você está percebendo o que é realmente importante na vida...
é a pureza de espirito...
a paz de consciência...
saber que você é gentil e bom para com todos...
em resumo um homem bom...
uma pessoa com bom-coração...
estou feliz de saber que você é assim...
pois eu também sou assim...
e... graças a isso...
sinto que Deus me protege...
e... naturalmente continuará te protegendo também...
por que...?
porque você é uma pessoa de bom-coração...
até já...
obrigado pelo seu email...
foi muito bom...
um abraço...
apertado...
seu pai...
...luis antonio...
é... você já havia comentado comigo... antes...
que você gosta de ler o jornal enquanto come seu sanduichezinho...
na hora do almoço...
isso é muito bom... meu filho...
é um momento... onde você pode se desligar de tudo...
se desligar das preocupações...
e... simplesmente saborear seu lanche...
se distraindo... lendo os artigos do jornal que lhe interessam...
achei muito sábio o artigo que você "recortou" para mim...
..."vi um artigo de uma pessoa falando
que todos os dias da sua vida é um bom dia...
você acorda e vê a luz do dia , isso já é um bom dia,
você respira o ar , isso é um bom dia...
no final ele diz que a gente reclama muito da vida sem dar valor a ela,
porque a vida é muito curta.
Um dia você ta aqui na boa e no outro vc ta morto...
então aproveita o maximo possivel!..."
também gosto desse tipo de sabedoria...
realmente... normalmente muitos de nós esquecemos...
de dar o devido valor a certas coisas básicas...
como... por exemplo a capacidade de ter uma visão normal...
poder ver as coisas...
já pensou para um cego...
poder derrepentemente poder enxergar normalmente...?
podemos imaginar um premio melhor do que esse...?
ou... uma pessoa que tem problemas crônicos respiratórios...
poder... de repente ficar boa... e...
poder respirar o ar puro... normalmente...?
gostei muito desse artigo de jornal...
você escreve bem...
graças ao seu email...
fiquei pensando nisso tudo que você escreveu...
não só sobre o artigo que você comentou...
a beleza... a sabedoria do artigo...
como também...
a sua sensibilidade...
de poder perceber... que aquele artigo era especial...
que aquele artigo trazia uma mensagem de sabedoria...
eu... ao ler seu email...
fiquei contente...
fiquei contente de confirmar o que eu já sabia...
que você... tauê... e´ um cara bom...
um cara tranquilo...
simples...
que quer ter apenas sua paz...
encontrar seu cantinho no mundo...
sem perturbar ninguém...
sem ser perturbado...
poder ler seu jornalzinho... no lunch-break...
poder saborear um artigo do jornal...
onde existe uma mensagem que revela um olhar sobre a vida...
um olhar puro... de paz... de sabedoria...
de agradecimento... por podermos ter uma saúde...
que nos possibilita ver as cores...
respirar o ar da manhã...
é isso aí meu filho...
dessa vida... não levamos muita coisa... não...
deixamos apenas na memória nessa "meia-dúzia"...
de três ou quatro pessoas que verdadeiramente nos querem bem...
deixamos apenas nosso carinho...
nossas palavras de ternura e amizade...
e... nada muito além disso...
o sol... como todas as estrelas do universo...
vai chegar um dia em que ele vai se apagar...
(pois o combustível que ele queima... não é infinito...)
(vai ser daqui a uns bilhões de anos...
os cientistas já calcularam...)
quando esse dia chegar...
o nosso querido planeta Terra...
vai virar uma pedra de gelo...
(já que não existe mais sol para aquece-la...)
e... portanto... não haverá uma viva alma aqui...
nem sequer para contar a história da humanidade...
portanto... o artigo do jornal faz muito sentido...
vamos agradecer cada dia ao amanhecer por estarmos vivos...
por podermos abrir os olhos e enxergar a luz do dia...
por podermos respirar fundo... e sentir o ar puro da manhã...
e... nos relacionarmos com as pessoas que nos rodeiam...
de uma forma mais gentil e verdadeira possível...
para... quando partirmos para uma outra dimensão...
sabermos que deixamos aqui na Terra...
apenas saudade...
em todos que nos querem... verdadeiramente bem...
até já... meu filho...
continua assim...
você está percebendo o que é realmente importante na vida...
é a pureza de espirito...
a paz de consciência...
saber que você é gentil e bom para com todos...
em resumo um homem bom...
uma pessoa com bom-coração...
estou feliz de saber que você é assim...
pois eu também sou assim...
e... graças a isso...
sinto que Deus me protege...
e... naturalmente continuará te protegendo também...
por que...?
porque você é uma pessoa de bom-coração...
até já...
obrigado pelo seu email...
foi muito bom...
um abraço...
apertado...
seu pai...
...luis antonio...
...4... filosofando part four... ( 4 out of 18 )
querido filho tauê...
querido filho peter...
estávamos no rio de janeiro aos oito anos de idade...
ia pra escola de bonde...
levando minha irmã clarice de quatro anos de idade...
na volta... preferia voltar a pé...
pois gastava o dinheiro da passagem... na pipoca...
a vida com a turminha da rua...
era muito boa...
morávamos perto da pracinha do jockey club do brasil...
onde a turma do dinheiro... ia se divertir...
apostando na corrida-de-cavalos...
um dia... um dos garotos da turma...
inventou de agente se reunir para organizar...
de todo mundo passar o domingo do "grande-premio-brasil"...
cada um com uma flanela na mão... cuidando dos carros...
do pessoal que ia jogar nas apostas...
foi a primeira vez que trabalhei na minha vida...
se é que se pode chamar isso de trabalho...
os carros iam chegando por volta do meio-dia...
estacionavam na rua lá de casa...
na praça... e... a gente ajudava os carros a entrar na vaga...
tipo aqueles flanelinhas...
no final do "grande-premio-brasil"...
é que era a hora da atividade...
tínhamos que ir de carro em carro...
tentando pegar a gorjeta...
eram tantos... ao mesmo tempo...
que... muitos escapavam...
era como se fosse numa saída de cinema...
naquele determinado instante "X"...
todos saiam ao mesmo tempo...
acabou que...
juntamos a grana que todos nós arrecadamos...
e... compramos uma bola-de-couro "G.18"...
me lembro até hoje do modelo da bola... "G.18"...
--- --- ---
aos 10 anos de idade...
minha família se muda de volta para o recife...
desta vez... ficamos morando na casa do meu avô...
pai do meu pai...
só que ele havia falecido... há pouco tempo...
e... foi a primeira (e única) vez que vi meu pai chorar...
chorava em voz alta...
falando...
"isso é terrível..."
"isso é terrível..."
e... minha mãe lhe consolava...
uma cena de carinho...
de amor entre meu pai... e minha mãe...
coisa rara...
pois... o normal... era vê-los brigando... quase o tempo todo...
por besteirinhas do tipo...
"você deixou a janela aberta..."
(meu pai reclamando da minha mãe...
quando ele chegava do trabalho...
normalmente... cansado e mal-humorado...)
"você estava... provavelmente lendo o "Time-magazine"..."
(ele... reclamando do fato de ela... (segundo ele...)...
passar o dia lendo a revista "Time"...)...
--- --- ---
meu avô havia falecido recentemente...
e... logo depois... minha avó... também...
eles moravam em recife...
numa casa bem grande...
com um quintal enorme...
cheio de árvores...
numa rua chamada rua amélia...
como meus avós haviam falecido...
a casa ficou meio vazia...
quem morava... temporariamente lá ...
era uma prima minha chamada mariana...
que morava... também temporariamente... com uma irmã da minha avó...
que se chamava tia lurdes...
então... meus pais resolveram se mudar do rio de janeiro...
de volta para recife...
pois... como a casa de meus avós estava... praticamente vazia...
nos poderíamos morar lá...
neste ponto... aconteceu uma coisa interessante...
eu... tive que ir pra recife... antes da minha família...
pois eu tinha uma prova de admissão...
(para poder entrar no colégio )...numa data...
que era uns dois meses anterior à mudança da família para lá...
foi aí ... que... pela primeira vez na minha vida...
eu viajei de avião...
e... além disso... sozinho... com dez anos de idade...
indo do rio para recife...
(mas meu pai encontrou um amigo... que ia no mesmo voo que eu...
e pediu para que ele me acompanhasse durante o voo...)
ao desembarcar no aeroporto em recife...
estavam lá me esperando... meu tio marcos (irmão de meu pai...
que se tornou politico.. chegou a ser senador...) ...
e sua esposa carolina...
a partir daí... recomeçou uma fase na minha vida... totalmente nova...
eu... na rua amélia... na companhia da minha prima mariana...
... da minha avó... e de sua irmã (tia lurdes)...
a vida delas era assistir novela...
pela primeira vez na minha vida...
entrei no mundo das novelas...
estórias fictícias... estórias virtuais...
mas que me puseram em contato com uma "realidade" da vida...
e... mais tarde pude perceber que...
muitos desses dramas das novelas...
podem de fato acontecer... na vida real...
ficamos por aqui...?
ficamos por aqui...
super-abraço em vocês dois...?
super-abraço em vocês dois...
até já....
com carinho...
seu pai...
...luis antonio...
...5... filosofando part five... ( 5 out of 18 )...
querido filho tauê...
querido filho peter...
estávamos em recife aos dez anos de idade...
vendo novela com minha prima mariana...
(que na época tinha 18 anos de idade...)
e a irmã de minha avó... tia lurdes...
e a minha avó... mãe do meu pai...
que estava até bem de saúde...
(ela veio a falecer dentro de uns dois ou três anos depois...)
eu estava lá sozinho com elas...
pois... conforme havia dito no email anterior...
eu viajei do rio para recife antes dos meus pais e dos meus irmãos...
já que eu tinha que fazer a prova de admissão ao colégio...
numa data anterior a que meus pais haviam previsto...
para a mudança deles do rio para recife...
para mim... aquela época... era interessante...
no sentido de eu me encontrar... pela primeira vez na minha vida...
distante dos meus irmãos e dos meus pais...
encontrava-me com duas velhinhas
(minha avó... e sua irmã... tia lurdes...)
numa casa com um astral super- bom... tranquilo...
aquele astral bom do nordeste... diferente do rio de janeiro...
uma casa... onde tudo funcionava sem stress...
não havia mais aquelas infinitas discussões...
entre meu pai e minha mãe...
não havia mais aquela monotonia do rio de janeiro...
...aqueles ambientes cheios de concreto... de apartamentos...
...aquela falta total de chão-de-terra... de árvores...
em contraste... ali na casa da minha avó...
é como se eu estivesse num paraíso...
a casa se encontrava no meio de um terreno enorme...
cheio de árvores... e... eu ficava o dia inteiro sem fazer nada...
trepado em cima das árvores...
principalmente em cima do pé-de-jambo...
nessa idade... (dez anos)... tudo que uma criança
(acostumada a viver num apartamento) quer...
é poder curtir uma natureza... subir em árvores...
andar com os pés descalços no chão...
e... o mais interessante é que não eram árvores na rua...
num lugar público... onde todo mundo podia passar...
as árvores se encontravam dentro da casa da minha avó...
uma casa dela... não era um lugar publico...
era com se fosse um paraíso particular inserido no mundo...
mas... ao mesmo tempo com uma total privacidade...
protegido por um muro (baixo) que delineava a fronteira...
entre aquele "santuário" privado...
e a confusão do mundo lá fora...
onde já existia trânsito... poluição... baixo-astral etc...
coisas que... hoje em dia... todos nós já estamos acostumados...
e o terreno era simplesmente... enorme...
algo gigantesco mesmo...
eu curtia cada árvore...
como se fossem seres vivos... ( e... de fato... são...)
subia em seus galhos... conquistando cada região de seu interior...
a meta era sempre atingir os galhos mais altos...
mas... com o tempo... aprendi...
que cada árvore tinha seu segredo...
ela gostava que eu subisse nela...
mas a subida... tinha seus limites...
cada árvore tinha seu ponto ideal de subida...
a partir daquele ponto...
seus galhos iriam se afinar cada vez mais...
e a queda seria... praticamente... inevitável...
--- --- ---
escrevia para meus amigos do rio de janeiro...
contava como era bom subir em árvores...
eles me respondiam... contando como foi o gol do flamengo...
com direito a uma explicação ilustrada...
com desenhos feitos por eles mesmos...
descrevendo em linha pontilhada...
a trajetória da bola para o gol...
ao ler suas cartas... já dava para começar a sentir......
como eram diferentes os universos...
entre o que eu realmente gostava...
e o que o meu amigo gostava...
o mundo para ele era o futebol...
para mim... pouco me interessava ver...
a trajetória da bola do gol do flamengo...
o que realmente me fazia feliz...
era poder curtir a harmonia...
eu dentro de uma árvore enorme... lá em cima...
sentindo o vento balançar seus galhos...
curtindo uma felicidade que eu jamais havia curtido em minha vida...
a felicidade de brincar num quintal daqueles...
com os pés descalços...
na paz da casa da minha avó...
--- --- ---
a noite... depois daquela sopinha de feijão com tiras de macarrão...
e com aquele gostinho de coentro... (um tempero típico do nordeste...)
a televisão com minha prima... minha avó e sua irmã... tia lurdes...
tia lurdes tinha quebrado o tornozelo...
foi no ponto-de-ônibus...
o ônibus arrancou... imprensando seu tornozelo...
entre a roda-do-ônibus e o meio-fio...
ela passava o dia sentada...
na frente da televisão...
com a perna engessada...
às vezes chorava...
um dia quando estava chorando...
minha prima mariana chegou perto dela...
e lhe abraçou.. lhe abraçou com carinho...
lhe confortando...
essa cena ficou na minha memória...
achei muito bonita a cena de uma pessoa confortando a outra...
em seu sofrimento...
eu não estava acostumado a ver cenas desse tipo...
meus pais não tinham o hábito de se abraçar...
meus irmãos também... não...
portanto...
essa cena foi como se fosse uma espécie de novidade para mim...
--- --- ---
eu tinha dez anos de idade...
minha prima... dezoito...
um dia ela me chamou para sair com ela...
e com o namorado dela... o eric...
que tinha o hábito de sair com ela...
num certo dia de semana... à noite...
ele foi nos apanhar em casa... com seu fusquinha nota-dez...
brilhando...
ele também todo limpinho de banho-tomado...
a barba super-bem-feita... com um certo perfume...
pronto para namorar...
ao entrarmos no carro dele...
ele dirigindo...
minha prima no banco do co-piloto...
e eu no banco-de-trás...
depois de uns trinta-segundos..
após estarmos todos acomodados em nossos devidos acentos...
e o carro já em movimento na rua...
o eric chega pra minha prima... e diz...
"ué ... estou te estranhando..."
neste ponto ela vai e dá maior beijo nele tipo "chupão..."
eu... que não estava acostumado a ver tais cenas...
para mim...
foi como se fosse uma espécie de "choque"... no bom-sentido...
fiquei imaginando que ela não tinha ido logo beijá-lo...
(como de costume...)
por causa da minha presença...
mas... depois que ele deu o toque...("estou te estranhando...")
ela perdeu a inibição...
e agiu normalmente... como de hábito...
imediatamente percebi... como deve ser gostoso namorar...
--- --- ---
dias depois... minha família... meus pais... meus irmãos...
chegam do rio de janeiro...
vida nova...
minha velha família...
no paraíso-novo da casa-de-minha-avó...
cheia de árvores...
mas minha família... não estava muito interessada em árvores...
a obsessão do meu pai...
era a de poder transformar minha irmã ana emilia...
numa nova recordista-mundial de natação...
ficamos por aqui...?
ficamos por aqui...
aquele abraço em vocês dois...
com muito carinho...
seu pai...
...luis antonio...
...5.1... peter's reply...
Recebi filosofando part 4..
Quero saber mais do treino de sua irma para se tornar em recordista mundial de natacao.
um abraco,
Peter
Quero saber mais do treino de sua irma para se tornar em recordista mundial de natacao.
um abraco,
Peter
...6... filosofando part six... ( 6 out of 18 )
querido filho tauê...
querido filho peter...
minha família tinha chegado em recife...
na rua amélia...
a casa... cheia de árvores... dos meus avós...
junto com a família... veio a mania do meu pai...
de adorar a natação...
assim que chegou em recife...
uma das primeiras coisas que ele fez...
foi colocar eu e a ana emilia na natação...
do clube português...
um clube que ficava a cerca de um quilômetro lá de casa...
então... tudo mudou na minha vida...
o enfoque não estava mais direcionado às árvores...
eu tinha que ir para o colégio de manhã...
e... à tarde para o clube português...
para praticar natação...
a vida continuava tranquila...
apesar das atividades...
nadar no nordeste...
era bem mais prazeroso do que nadar no rio de janeiro...
a água do rio... era bem mais gelada...
em recife... era aquela água gostosa...
e... nos dias quentes...
a natação torna-se até um prazer...
minha irmã ana emilia...
já estava dando sinais de que ela tinha um bom potencial...
para ser uma espécie de campeã de natação...
essa mania de natação que meu pai nos envolveu já era antiga...
antes mesmo de irmos para recife... ainda no rio...
eu e a ana emília já nadávamos no botafogo...
e... desde aquela época...
me lembro bem do primeiro dia em que meu pai nos levou lá...
no botafogo para nos apresentar ao técnico de natação...
tinham dois técnicos...
um era o técnico argentino... que se chamava "Carranza"...
e... o outro era o técnico dos nadadores de segunda-linha...
(que não tinham muito futuro... em termos de campeonato...)
esse técnico dos iniciantes se chamava..."Rui"...
Aí meu pai me levou junto com minha irmã... lá no botafogo...
fala com o técnico Carranza...
eu e minha irmã... caímos na piscina...
demos uma nadadinha para o técnico nos avaliar...
e... ai´ o técnico Carranza fala pro meu pai...
..."é obvio... ela...(ana emilia )... fica comigo"...
e... neste ponto ficou uma dúvida... naturalmente... parada no ar...
"... e... quanto a ele...?"... alguém perguntou...
ai´ o Carranza responde...
ele... (é obvio...) vai pro Rui...
--- --- ---
ficou aquela coisa meio estranha no ar...
porque... afinal...
qual era a diferença fundamental entre eu e minha irmã...?
talvez porque eu tinha um par de pernas finas demais...?
não sei...
a coisa foi colocada de uma forma... como se não houvesse dúvidas...
"a ana emilia... obviamente... vai ser minha aluna...
mas esse (ratinho ai´...)... é óbvio.... vai pro Rui..."
nada disso foi dito... é claro...
mas... o jeito com que ele falou...
"ele...? ... vai pro Rui..."
o jeito com que ele falou... foi mais ou menos significando isso...
que eu ... obviamente não tinha as condições físicas...
necessárias para me tornar um campeão...
seria uma "burrice"...
um desperdício pensar que eu poderia ser um dia campeão...
mas... eu não levei nada disso muito a sério...
fui pro Rui...
minha irmã foi pro Carranza...
treinávamos todos os dias...
ainda no rio... no botafogo... antes...
um ou dois anos antes de nos mudarmos para recife...
um frio danado...
era meio tortura termos que enfrentar esse frio...
principalmente nas horas do "tiro"...
onde nadávamos a piscina de 25 metros... dando o máximo de velocidade...
depois saiamos da piscina para entrar na fila...
para nadar novamente mais um tiro de 25...
saía d´água... entrava na fila... etc...
nessa de sair da água e entrar na fila é que batia o frio brabo...
por causa do vento...
então... deslocando essa estória da piscina gelada do botafogo...
no rio de janeiro...
para a piscina do clube português em recife...
com aquela temperatura super- agradável...
que só uma piscina numa região de muito calor como o nordeste...
pode oferecer... ah... então valeu...
a natação no recife era algo bom... era algo prazeroso...
--- --- ---
minha mãe resolve comprar um piano usado...
coloca lá na casa da rua amélia...
me ensinou a tocar uma música italiana...
curti... de montão...
aos sábados à tarde tinha umas festinhas de dança no clube português...
agente ia lá ... dançava... com as outras pessoas da natação...
era legal...
um dia... uma garota começou a me beijar...
meu pai viu e me deu uma bronca...
(fiquei meio sem graça...)
anos mais tarde... quando meu pai já estava fazendo psico-terapia...
ele me pedia que eu contasse cenas do passado entre eu e ele...
quando contei o lance do clube português...
ele ... apesar de não se lembrar do lance...
ficou super- surpreso consigo próprio...
sem entender porque ele teria dado aquela bronca...
(como se tivesse feito uma burrice danada...)
a minha relação com meu pai... não era muito frequente...
a gente não se encontrava muitas vezes...
isso era devido ao fato de ele trabalhar muito...
estava sempre trabalhando de montão...
e... quando chegava em casa...
normalmente... estava cansado...
já com minha mãe era diferente...
durante toda a minha vida...
sempre tive muito papo com ela...
ela... além de contar estórias...
sabia ensinar de uma maneira que não dava mais para esquecer...
me ensinou a matemática básica...
como resolver problemas de matemática...
português... geografia... inglês...
sentava comigo em frente a um toca-discos...
e escutávamos o disco dos beatles...
onde ela ia traduzindo para mim...
o significado das canções...
o disco era o sargent pepper´s lonely heart club band...
eu ia lendo a letra impressa no verso da capa do "long-play"...
(em inglês)...
e ela ia me explicando o significado em português...
na música... "a day in the life..."
onde eles cantam...
I read the news today oh boy
About a lucky man who made the grade
And though the news was rather sad
Well I just had to laugh...
ela me explicava que a expressão "made the grade"...
estava... ali naquele contexto... significando... "conseguiu passar"...
no sentido de "conseguiu passar para a outra dimensão"...
ou seja... "morreu"...
e... assim... eu ia recebendo dela... todos esses ensinamentos...
de uma forma tranquila...
aprendendo... não só o inglês...
mas várias outras matérias...
depois que recebia esse empurrão inicial dela...
a partir daí... eu ia aprendendo por mim mesmo...
desta forma... passei a sentir prazer ao estudar...
tomei gosto pelos estudos...
mesmo porque... percebi...
que o estudo... é como se fosse uma chave...
que dá acesso a novos horizontes...
por exemplo...
atualmente... domino bem o português... e o inglês...
mas... se algum dia... eu quiser ir... por exemplo... à europa...
ou alguma ilha colonizada pelos franceses...
se... eu me antecipar... e começar a estudar o francês... desde já...
esse conhecimento... me daria condições...
de me comunicar com pessoas desses países que só sabem o francês...
(por exemplo)...
em outras palavras... o conhecimento nos permite acessar pessoas...
lugares... de uma forma bem mais plena...
de uma forma bem mais profunda...
mas isso não quer dizer que possamos saber...
todos os conhecimentos do mundo...
isso... obviamente é impossível...
mas... com a ajuda da minha mãe...
comecei a sentir gosto pelos estudos...
comecei a sentir... que eu era capaz de pegar um livro...
lê-lo.. entende-lo...e curtir os ensinamentos apreendidos no livro...
com o tempo... percebi... também... que nem todos os livros são bons...
é preciso saber escolher... o que vale a pena investir a atenção...
e o que não merece nossa atenção...
vou parando por aqui...
deixando... desde já um...
enorme... enormessíssimo...
bem apertado...
super-abraço...
em vocês dois...
até já...
se agasalhem bastante...
que o frio está chegando...
um grande abraço...
seu pai...
...luis antonio...
...6.1... taue's reply...
Oi pai:
Adorei sua carta, continua mandando, voce escreve muito bem....
Eu acho que voce tem muito sabedoria , um homem muito culto... tenho muito orgulhor disso.
Falo muito bem de voce pra todo mundo....Gostaria de ser um pai que nem voce pra Evy..
Abracos,
Taue.
Adorei sua carta, continua mandando, voce escreve muito bem....
Eu acho que voce tem muito sabedoria , um homem muito culto... tenho muito orgulhor disso.
Falo muito bem de voce pra todo mundo....Gostaria de ser um pai que nem voce pra Evy..
Abracos,
Taue.
...6.2... você já é...
querido filho tauê...
quando você disse...
" Falo muito bem de voce pra todo mundo....
Gostaria de ser um pai que nem voce pra Evy "...
...devo lhe dizer que você já é um excelente pai para a Evy...
nas duas vezes que fui em Boston te visitar...
vi... como você é um bom pai...
como você é um bom marido...
como você é um bom amigo...
como você é um bom trabalhador...
como você é uma pessoa ótima...
para consigo próprio...
e... para com todos que estão a sua volta...
e... com relação à Evy... você é um paizão...
super- bom...
super- amoroso...
continua assim... meu filho...
você é uma pessoa boa...
de bom coração...
e... a Evy sente isso tudo...
e... deve te adorar por você ser assim...
eu... também... tenho muito orgulho de você...
agradeço muito a Deus...
de ter me dado essa alegria...
ter um filho como você...
muito obrigado pela sua carta...
foi muito bonita...
me emocionei...
até já...
um abraço apertado...
seu pai...
...luis antonio...
quando você disse...
" Falo muito bem de voce pra todo mundo....
Gostaria de ser um pai que nem voce pra Evy "...
...devo lhe dizer que você já é um excelente pai para a Evy...
nas duas vezes que fui em Boston te visitar...
vi... como você é um bom pai...
como você é um bom marido...
como você é um bom amigo...
como você é um bom trabalhador...
como você é uma pessoa ótima...
para consigo próprio...
e... para com todos que estão a sua volta...
e... com relação à Evy... você é um paizão...
super- bom...
super- amoroso...
continua assim... meu filho...
você é uma pessoa boa...
de bom coração...
e... a Evy sente isso tudo...
e... deve te adorar por você ser assim...
eu... também... tenho muito orgulho de você...
agradeço muito a Deus...
de ter me dado essa alegria...
ter um filho como você...
muito obrigado pela sua carta...
foi muito bonita...
me emocionei...
até já...
um abraço apertado...
seu pai...
...luis antonio...
...7... filosofando part seven... ( 7 out of 18 )...
...querido filho tauê...
...querido filho peter...
ao descrever... no último email...
o quanto eu agradeço à minha mãe...
por ter tido o carinho e a habilidade...
de me motivar a ter gosto pelos estudos...
ao descrever isso... ficou faltando dizer... que...
nesse processo de "tomar gosto pelos estudos"...
existe uma fase de transição... uma fase meio "dolorosa"...
uma fase onde a criança sofre...
ao perceber que é difícil se conformar em aceitar...
a ideia de abrir- mão da vida inocente-infantil...
e partir para uma vida mais "dolorosa"...
típica das primeiras fases do aprendizado...
essa transição se deu justamente naquela época...
aos dez anos de idade... na rua amélia...
onde eu estava curtindo muito...
poder andar com os pés descalços na terra...
no meio das arvores da casa de minha avó...
(em contra- posição àquela vida dentro de um apartamento...
na época do rio de janeiro...)
meus pais e meus irmãos tinham chegado do rio para a rua amélia...
em recife...
bem no meio das férias grandes de verão...
(ou seja... dezembro, janeiro, fevereiro...
já que o verão aqui no hemisfério-sul...
acontece no período oposto aí do hemisfério norte...)
como eles tinham chegado bem no meio das férias de verão...
e... como minha mãe viu que eu ficava o dia inteiro sem fazer nada...
resolveu me botar para estudar... nas férias...
falou que era para eu sentar na mesa da sala...
me deu um caderno... lápis e borracha...
e disse que era para eu... todos os dias...
fazer uns cinquenta ou setenta exercícios de matemática...
de um livro de matemática... chamado "Ary Quintella"...
(que era o nome do autor...)
... nao acreditei no que estava acontecendo...
eu...?... passar minhas ferias estudando aquelas drogas de exercícios...?
pô... que tortura.... que ideia mais maluca...
sentei naquela cadeira em frente daquele caderno... daquele livro...
me deu um "mal-estar"...
uma vontade de reclamar...
por que logo eu... ?
ter que estudar...?
logo nas férias...?
minha mãe notou o meu desespero...
e... tranquilamente... pegou o rascunho...
e... começou a me explicar os exercícios...
e... a partir dessa explicação...
vi que eu tinha condições de ir fazendo os outros exercícios...
então... o que antes parecia uma tortura...
passou a ser uma coisa boa... um prazer...
comecei a fazer os outros exercícios...
como se fosse uma atividade boa... um jogo... uma diversão...
em resumo... essa é a magica do prazer-de-estudar...
depois que o aluno recebe um "empurrãozinho" de alguém...
depois disso... o estudante percebe...
que é capaz de caminhar-com-as-próprias-pernas...
e... essa sensação de independência...
lhe dá um bem-estar...
uma vontade de continuar caminhando...
se desenvolvendo...
--- --- ---
naquela época o ensino brasileiro se dividia em três etapas...
1... o primário... dos 6 aos 10 anos de idade
2... o ginásio.... dos 11 aos 14 anos...
3... o científico... dos 15 aos 17 anos...
normalmente... aos 18 anos... a pessoa estava tentando...
fazer a prova do vestibular... para tentar entrar pra faculdade...
como se tratava de uma prova muito difícil...
normalmente os alunos se matriculavam nos famosos "cursinhos"...
que eram pequenas escolas avulsas...
especializadas em preparar o pessoal para o vestibular...
--- --- ---
muito bem...
mas... por que é que estou falando sobre isso tudo...?
porque naquela época... como eu tinha dez anos de idade...
eu estava bem na fronteira entre o primário e o ginásio...
dependendo do nível da escola ginasial que o aluno pretendia ingressar...
dependendo da escola...
se a escola fosse "puxada"... com um nível de ensino bom...
ela exigia do aluno que estava querendo entrar la´...
que ele se submetesse a um exame de admissão...
que... normalmente... era difícil...
(é como se fosse uma espécie de vestibularzinho...
só que do primário para o ginásio...
ao invés do científico para a faculdade...)
então... um dia vi uns garotos passando na rua com um uniforme...
pareciam fantasiados de soldadinhos...
com aquele uniforme cor marrom-claro...
duas listras verticais vermelhas acompanhando a calca-comprida...
e aquele chapeuzinho vermelho....
o famoso "cap" tipo aquelas aeromoças...
só que vermelho... combinando com as listras vermelhas da calça...
achei aquilo o máximo...
crianças...
fantasiadas de soldadinhos de verdade...
perguntei a minha mãe que uniforme era aquele...
ela me explicou que era dos alunos do colégio-militar...
uma escola boa... com um ensino bom...
perguntou se eu gostaria de tentar fazer a prova de admissão para lá...
disse que sim...
bastante contente de saber que eu iria entrar numa escola...
onde o uniforme dos alunos era igual ao dos soldados de verdade...
e assim começou uma nova trajetória na minha vida...
onde... mais tarde... passei a me arrepender muitíssimo...
dessa (infeliz) ideia de querer entrar para uma escola...
onde os alunos se fantasiavam de soldadinhos-de-chumbo...
com o "cap" vermelho...
ficamos por aqui...
meus queridos filhos...
ficam com Deus...
tudo de bom...
super-abraço...
seu pai...
...luis antonio...
...querido filho peter...
ao descrever... no último email...
o quanto eu agradeço à minha mãe...
por ter tido o carinho e a habilidade...
de me motivar a ter gosto pelos estudos...
ao descrever isso... ficou faltando dizer... que...
nesse processo de "tomar gosto pelos estudos"...
existe uma fase de transição... uma fase meio "dolorosa"...
uma fase onde a criança sofre...
ao perceber que é difícil se conformar em aceitar...
a ideia de abrir- mão da vida inocente-infantil...
e partir para uma vida mais "dolorosa"...
típica das primeiras fases do aprendizado...
essa transição se deu justamente naquela época...
aos dez anos de idade... na rua amélia...
onde eu estava curtindo muito...
poder andar com os pés descalços na terra...
no meio das arvores da casa de minha avó...
(em contra- posição àquela vida dentro de um apartamento...
na época do rio de janeiro...)
meus pais e meus irmãos tinham chegado do rio para a rua amélia...
em recife...
bem no meio das férias grandes de verão...
(ou seja... dezembro, janeiro, fevereiro...
já que o verão aqui no hemisfério-sul...
acontece no período oposto aí do hemisfério norte...)
como eles tinham chegado bem no meio das férias de verão...
e... como minha mãe viu que eu ficava o dia inteiro sem fazer nada...
resolveu me botar para estudar... nas férias...
falou que era para eu sentar na mesa da sala...
me deu um caderno... lápis e borracha...
e disse que era para eu... todos os dias...
fazer uns cinquenta ou setenta exercícios de matemática...
de um livro de matemática... chamado "Ary Quintella"...
(que era o nome do autor...)
... nao acreditei no que estava acontecendo...
eu...?... passar minhas ferias estudando aquelas drogas de exercícios...?
pô... que tortura.... que ideia mais maluca...
sentei naquela cadeira em frente daquele caderno... daquele livro...
me deu um "mal-estar"...
uma vontade de reclamar...
por que logo eu... ?
ter que estudar...?
logo nas férias...?
minha mãe notou o meu desespero...
e... tranquilamente... pegou o rascunho...
e... começou a me explicar os exercícios...
e... a partir dessa explicação...
vi que eu tinha condições de ir fazendo os outros exercícios...
então... o que antes parecia uma tortura...
passou a ser uma coisa boa... um prazer...
comecei a fazer os outros exercícios...
como se fosse uma atividade boa... um jogo... uma diversão...
em resumo... essa é a magica do prazer-de-estudar...
depois que o aluno recebe um "empurrãozinho" de alguém...
depois disso... o estudante percebe...
que é capaz de caminhar-com-as-próprias-pernas...
e... essa sensação de independência...
lhe dá um bem-estar...
uma vontade de continuar caminhando...
se desenvolvendo...
--- --- ---
naquela época o ensino brasileiro se dividia em três etapas...
1... o primário... dos 6 aos 10 anos de idade
2... o ginásio.... dos 11 aos 14 anos...
3... o científico... dos 15 aos 17 anos...
normalmente... aos 18 anos... a pessoa estava tentando...
fazer a prova do vestibular... para tentar entrar pra faculdade...
como se tratava de uma prova muito difícil...
normalmente os alunos se matriculavam nos famosos "cursinhos"...
que eram pequenas escolas avulsas...
especializadas em preparar o pessoal para o vestibular...
--- --- ---
muito bem...
mas... por que é que estou falando sobre isso tudo...?
porque naquela época... como eu tinha dez anos de idade...
eu estava bem na fronteira entre o primário e o ginásio...
dependendo do nível da escola ginasial que o aluno pretendia ingressar...
dependendo da escola...
se a escola fosse "puxada"... com um nível de ensino bom...
ela exigia do aluno que estava querendo entrar la´...
que ele se submetesse a um exame de admissão...
que... normalmente... era difícil...
(é como se fosse uma espécie de vestibularzinho...
só que do primário para o ginásio...
ao invés do científico para a faculdade...)
então... um dia vi uns garotos passando na rua com um uniforme...
pareciam fantasiados de soldadinhos...
com aquele uniforme cor marrom-claro...
duas listras verticais vermelhas acompanhando a calca-comprida...
e aquele chapeuzinho vermelho....
o famoso "cap" tipo aquelas aeromoças...
só que vermelho... combinando com as listras vermelhas da calça...
achei aquilo o máximo...
crianças...
fantasiadas de soldadinhos de verdade...
perguntei a minha mãe que uniforme era aquele...
ela me explicou que era dos alunos do colégio-militar...
uma escola boa... com um ensino bom...
perguntou se eu gostaria de tentar fazer a prova de admissão para lá...
disse que sim...
bastante contente de saber que eu iria entrar numa escola...
onde o uniforme dos alunos era igual ao dos soldados de verdade...
e assim começou uma nova trajetória na minha vida...
onde... mais tarde... passei a me arrepender muitíssimo...
dessa (infeliz) ideia de querer entrar para uma escola...
onde os alunos se fantasiavam de soldadinhos-de-chumbo...
com o "cap" vermelho...
ficamos por aqui...
meus queridos filhos...
ficam com Deus...
tudo de bom...
super-abraço...
seu pai...
...luis antonio...
...7.1... peter's reply...
recebi a parte 7. Nao sabia que foi voce que se meteu nessa da escola militar.
Sempre pensei que foi seu pai que lhe obrigou a ir pra la.
Falaremos mais logo,
um abraco,
Peter
Sempre pensei que foi seu pai que lhe obrigou a ir pra la.
Falaremos mais logo,
um abraco,
Peter
...8... filosofando part eight... ( 8 out of 18 )...
querido filho tauê...
querido filho peter...
pois é...
nessa de achar o uniformezinho bonitinho...
quem se deu mal... fui eu...
entrei na maior "canoa furada"...
nunca fiz uma burrice tão grande na minha vida...
mas só percebi isso...
quando estava mais ou menos no final do segundo-ano ginasial...
(com 12 anos de idade...)
e principalmente... no inicio do terceiro-ano...(com 13 anos...)
quando eu entrei para o colégio militar...
eu ainda morava em recife (rua amélia)...
estudei lá apenas na primeira metade do primeiro-ano...
em julho...(ferias-de-inverno daqui...)
nos mudamos de volta para o rio de janeiro...
mais precisamente para ipanema...
para um apartamento na rua prudente de morais...
(a primeira rua paralela à rua da praia...)
um apartamento... que meu pai acabara de comprar...
ao chegarmos no rio...
a minha transferência do colégio militar do recife...
para o colégio militar do rio de janeiro...
era do tipo... transferência-automática...
ou seja... eu não teria que fazer o tal do exame-de-admissão...
que... para os colégios militares era sempre muito difícil...
pois... eu já havia passado no exame-de-admissão em recife...
há seis meses atrás...
essa prova de admissão era tão difícil...
que... ainda em recife...
minha mãe havia me colocado num cursinho...
especializado em exames de admissão para o colégio militar...
então... com dez anos de idade...
eu já estava num curso especializado...
em fazer provas para o exame de admissão...
em outras palavras...
desde muito cedo... entrei num esquemão de muita responsabilidade...
de muita disciplina... de muito estudo...
de muita preocupação...
hoje em dia... refletindo sobre tudo isso..
vejo que... o que aconteceu comigo...
(o fato de... muito cedo carregar muita responsabilidade nas costas...)
apresenta vantagens e desvantagens...
a vantagem é que... (apesar de muito cedo)...
fui me preparando academicamente...
estudando muito...
o que... obviamente... tem suas vantagens...
a desvantagem é que... uma criança de dez anos...
se não brincar...
acaba descontando essa falta...
anos mais tarde...
mais velho...
e... possivelmente... isso... talvez... tenha acontecido comigo...
quando aos quarenta-e-quatro anos de idade...
no hawaii...
fico horas e horas tocando violão nas escadarias da...
university of hawaii at manoa...
(tudo bem... bola pra frente...)
--- --- ---
julho de 1965... onze anos de idade...
o primeiro semestre do colégio militar de recife... já feito...
tudo pronto para nos mudarmos de recife de volta para o rio de janeiro...
para se despedir de recife...
meu tio marcos... (irmão do meu pai...)... carolina... e filhos...
me convidam para passar uma semana com eles numa casinha de pescadores...
que eles alugaram em rio-doce...
(uma praia afastada da cidade...
para curtir uma semana de praia numa vilazinha de pescadores...
...(rio-doce)...
(que hoje em dia não tem mais nada a ver...
com aquela vila-de-pescadores de antigamente...
passou a ser um bairro super-populoso de olinda...
que por sua vez...
pode ser considerada como uma continuação ininterrupta de recife...
tornando-se tudo uma espécie de megalópole...)
anyway... eles alugaram essa cabaninha de praia...
e me convidaram para passar minha ultima semana de recife com eles...
lá em rio-doce...
lá fui eu...
tranquilo...
um astral muito legal...
uma família muito unida...
muito harmoniosa...
sempre me trataram muito bem...
à noite... aquele céu maravilhoso...
meu tio... (sempre na rede)...
comenta comigo como aquelas estrelas eram lindas...
já que não havia luz elétrica...
e... as estrelas ficam ainda mais bonitas...
já que não existe iluminação nos postes-de-rua...
de manhã cedinho...
eu gostava de acordar cedo...
e ir tomar um banho-de-mar...
sozinho... naquele mar infinito do nordeste...
levava uma prancha de isopor tipo morey-boogie...
que eu havia ganhado recentemente...
mas nunca tinha usado...
(não tinha nunca pego nenhuma onda na minha vida...)
(nem sabia o que era isso...)
como aqui no nordeste as ondas são... em geral... muito pequeninas...
eu costumava ir... bem cedinho...
e ficava curtindo remar em cima da prancha...
deitado em cima da prancha...
remava... naquela água bem fresquinha da manhã...
explorando aquelas piscininhas naturais... etc...
nos dois últimos dias...
o mar resolveu me presentear...
com umas marolinhas ótimas...
que poderiam nos empurrar...(eu e a prancha)...por uns vinte metros...
a primeira onda foi inacreditável...
que maravilha...
sentir a onda me empurrando... deitado em cima da prancha...
por cerca de vinte metros... ou mais...
que sensação divina...
que prazer...
nunca havia sentido nada tão bom...
aí eu curti de montão...
peguei varias ondas...
pegava elas... já estouradas...
era mais fácil...
para quem nunca tinha pego...
na areia... conversei com um moço...
(acho que era algum parente ou amigo do meu tio...)
ao comentar com ele que eu tinha adorado poder "pegar- jacaré..."
(que era o nome que todo mundo dava ao surf de peito...
ou então... ao que usa pranchinhas tipo a que eu estava usando...)
o moço me disse que no rio de janeiro eles fazem isso...
só que... em pé... em cima da prancha...
falei pra ele...
"em pé... na prancha...?"
e ele respondia...
"...é... como se fosse esquiando...
eles tem uma prancha enorme...
e deslizam na onda até a areia..."
fiquei fascinado...
devia ser muito bom mesmo...
sem dúvida... eu queria ir para o rio de janeiro...
queria ver de perto...
as pessoas deslizando em pé...
sobre as ondas...
numa prancha enorme...
--- --- ---
ficamos por aqui...?
acho melhor... sim...
pois senão... não vai sobrar mais nada para depois...
um abraço bem apertado...
em vocês dois...
espero que a saúde esteja boa...
ficam com Deus...
até já...
um grande abraço...
seu pai...
...luis antonio...
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